Onça-pintada: por dentro da vida aquática de um dos animais mais impressionantes da Amazônia

Entre junho e setembro, na região do médio Solimões, o habitat do maior felino das Américas fica submerso. Pesquisadores monitoraram os animais para entender como eles se adaptam à água.

Os felinos, sejam os grandes – como onças, leões e tigres – ou os pequenos – como gatos domésticos –, têm a capacidade de subir em árvores. Mas o comportamento mais esperado, principalmente no caso dos grandes felinos, é que eles permaneçam entre os galhos somente por algumas horas ou dias, devido à necessidade de caçar, e, depois, voltem para o solo.

Essa habilidade, no entanto, pode mudar de maneira surpreendente quando se trata das onças que vivem em partes alagadas da Amazônia. As onças vivem meses no alto das árvores, a cada ano. A família dos grandes felinos busca as árvores para descansar, se alimentar e evitar predadores ou competidores (como fazem os leopardos e os pumas). Outras espécies, incluindo os tigres e onças, podem até caçar animais arbóreos, aquáticos e semiaquáticos.

Como vivem as onças na várzea amazônica?
A Reserva Mamirauá, ilhada entre os rios Amazonas e Japurá, é tomada pelo ecossistema de várzea. Esse tipo de vegetação se trata de planícies fluviais cujas florestas são inundadas periodicamente por rios de água branca, ou seja, barrentas.

Os cerca de 11 mil quilômetros quadrados da reserva ficam alagados durante três a quatro meses no ano, na estação anual de cheias da bacia do Amazonas, de junho a setembro. A alta nos níveis dos rios deixa o habitat das onças-pintadas debaixo de 10 metros de água, em média.

A reserva Mamirauá abriga mais de mil onças-pintadas, mais do que na Mata Atlântica inteira. A capacidade das onças-pintadas amazônicas de viverem nessa área de várzea gerava uma grande dúvida. “O que elas faziam quando a água subia era uma incógnita ecológica?”

A hipótese inicial dos pesquisadores era a de que, quando o solo começa a ser alagado, os felinos deixariam a várzea à procura de um local seco, com mais opções de presas. Para entender como as onças-pintadas sobreviviam ao período de cheia, uma equipe de pesquisadores começou a monitorar os movimentos de uma fêmea adulta, que estava grávida à época, por meio de colares com GPS que mostrou que o animal ficou na região da reserva o ano inteiro, até mesmo dando à luz durante a cheia. Isso só seria posível, segundo a equipe, se ela tivesse vivido acima da água, nas árvores, nadando de árvore em árvore e se alimentando nas copas.

Depois da fêmea, a equipe monitorou mais oito animais, quatro fêmeas e quatro machos, durante seis anos. O estudo mostrou que não só as fêmeas como também os machos permaneciam na região durante as cheias.

O estudo confirmou que as onças dessa região amazônica vivem uma vida praticamente aquática, nadando de dois em dois dias, em média, e se alimentando de animais arbóreos. Esses animais chegam a ficar quase três meses sem tocar o solo.

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